terça-feira, 28 de julho de 2009

Eis que ele retorna
Manso e denso
E na mansidão
Trouxe-me o desejo
De ser lua
Intensa e nua
De ser sol
E ardente
Envolver-me
Em seu corpo quente
De ser vento
E Numa nuvem
Clarinha de algodão
Desaguar nessa imensidão
Que é o mar do teu ser
E só assim me entregar
E me envolver.
Só assim me esquecer.

En-canto

Há de ser sem prévio aviso
ocorrerá de repente
E num descuido teu
minha lembrança virá á tua mente
Então lembrarás meu perfume
sentirás palpitar o teu coração
como na noite primeira
onde unimos meu hálito
e tua respiração
O mesmo prato dividimos
o riso era puro e farto
tanto amor e juras
tantas emoções sentimos
na penumbra do quarto.
Então um sorriso
abrirá em teu rosto
saberás do amor que te guardo
em meus olhos
não haverá mais pranto
e sentirás então que te amo
tanto...tanto...tanto!
Pequenos gestos, vagos detalhes,

que dos maus tempos eram sinal
agora se encaixam, fazem sentido,
explicam o nefasto final.

Te estudei e te conheço tanto
mesmo quando te calas, teu sorriso te trai
Pena...uma nuvem encobre tua alma
e minha consciência agora em paz, plena e calma

Entretanto, pouco a pouco
tuas palavras foram mostrando
que tens um coração sofrido
que buscas amor, e respostas

E num tristonho lamento
doei o que pensei estar em meu ninho
pensando extirpar teu tormento
e então seguir meu caminho

Imaginei dias e meses de tristeza
mas tal como por encanto
um belo e doce anjo calou meu pranto
e mostrou-me do amor toda a beleza!

Ao meu Pai

Ao meu Pai
Tantas vezes sinto meu pai em mim.
Seu jeito de debruçar na janela
Ainda não acredito no fim
Parece que ainda remexe panela
-Mãe tem alguma coisa pra mim?
Era o jeito dele, bem sei
Jeito que está em mim...herdei
É tudo coisa de um segundo
E vi ruir todo meu mundo
Mas sinto meu pai em mim
Eu sinto seu cheiro...jasmim
Está presente, na verdade nos encontramos
Na forma de falar mansa,
Na forma como caminhamos
Na paciência de quem nunca se cansa
E fez-se luz!
Não a dos céus
Nada de sol ou lua
É tua presença que clareia
A página, a rua
O mar
E a vida continua...
Entre os dedos
Que faceiros desalinham os cabelos
Entre os braços
Que fagueiros enlaçam uma cintura
Entre os lábios
Que certeiros adoçam outra boca
que nunca foi minha
e a vida continua...
Aprecio quando discorres sobre ti
E vou te percorrendo
Assim vou descortinando teus desejos
Aprecio quando falas e percebo
Que antes de todos me adivinhavas
Nada me há tocado
A não ser o vento
Que nada deixa, somente passa
Sinto então aromas de carícias
E me vens à memória...
Às vezes me pareces uma criança
Sem maldade
Noutras me atiças
cheio de vontade.
acho que não sou daqui
paro em sinal vermelho
paro em faixa de pedestres
deixo idoso passar à minha frente
bato na porta antes de entrar
uso as palavras mágicas:
por favor, obrigado e com licença
sei ler, arrisco escrever
observo prazos de validade
não escondo mesmo a idade
insisto em manter a esperança
amo praia, mas não entro no mar
é acho que não sou daqui
tenho mania de abraçar estranhos
nunca sei quanto ganho
já dividi biscoito com pedinte
e sentamos juntos
já entreguei na rua o tenis que usava
por live e espontanea vontade
já enchi meu carro com sacos de pipoca
só pra "dar uma mão" a alguém
não sou mesmo daqui
passo horas ouvindo histórias
de pessoas desconhecidas
e esquecidas pelos seus
engulo sapos enormes
ainda peço a benção
à minha mãe
não falo palavrão
não pego o que não me pertence
e entrego o que é meu sem culpas
devolvo livro emprestado
não sou daqui com certeza
porque gosto de todos à mesa
a falar de coisas importantes
ou apenas bobagens
insisto em aprender
com tudo e todos
frenquetemente insisto nos erros
falo eu te amo
a quem amo de verdade
sem frescura nem vergonha
é definitivamente não sou daqui
O pior de se estar
preso
é estar preso por
vontade
É saber-se amarrado
teso
ignorando-se em
verdade

Fingindo-se inabalável
frágil
partindo-se aos
pedaços
À espera de um milagre
plágio
vivendo sem ter coragem
Há uma estranha beleza no ar
Essa noite está diferente
Será um prenuncio de poesia
que verso algum traduz...
O céu completamente aceso
parece uma fotografia
de candelabros de luz...
Que doce serenidade.
Vem ela, lua misteriosa
Paira no ar vulnerável
E essa noite calma agora
Parece feminina e ligeira
Juraria que alguém
nesse momento chora